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Criptorquidia: o testículo não desceu? Saiba o que fazer

Veja o que fazer e quais exames o seu filho deve realizar caso tenha suspeita de criptorquidia, um quadro congênito comum, de fácil diagnóstico, que requer tratamento para evitar efeitos a longo prazo.

Os testículos são órgãos pares do sistema reprodutor masculino que possuem formato oval e estão localizados dentro da bolsa testicular, também conhecida como saco escrotal ou escroto. A bolsa testicular é composta de músculo, localizada na região do períneo, abaixo do pênis, e tem como função manter a temperatura ideal dos testículos, que deve ser sempre menor do que a temperatura corporal para garantir o processo de espermatogênese, pois os testículos são responsáveis pela produção de células germinativas, os espermatozoides, e pela produção de hormônios, como a testosterona, principal hormônio sexual masculino.

Durante a fase fetal, os testículos se desenvolvem na cavidade abdominal do feto e nos meses finais da gestação migram pelo canal inguinal para se alojarem no interior da bolsa escrotal; a localização destes órgãos é fundamental para que desempenhem corretamente sua função, Em alguns casos ocorre uma falha na migração completa do testículo para a bolsa testicular, assim chamado de criptorquidia.

Testículo Retrátil

O que é criptorquidia?

Popularmente conhecida como ‘testículos não descidos’, a criptorquidia é uma condição genital congênita comum onde o testículo não está localizado na bolsa testicular, pois não houve migração dos testículos do abdômen para a bolsa testicular nos meses finais da gestação.

Tipos de criptorquidia

A criptorquidia pode ser classificada conforme o número de testículos não localizados na bolsa escrotal, podendo ser:

  • Criptorquidia unilateral - é o tipo mais comum; acontece quando apenas um testículo não está localizado na bolsa escrotal;
  • Criptorquidia bilateral - quando os dois testículos não estão localizados na bolsa escrotal.

Podemos também classificar a criptorquidia quanto à posição do testículo no momento do exame físico: 

  • criptorquidia palpável: quando é possível palpar os testículos na região inguinal
  • criptorquidia não-palpável: quando apesar dos esforços não é possível palpar o testículo.

Assim como, classificada conforme o momento de vida do paciente em que é detectada a ausência dos testículos na bolsa escrotal:

  • Criptorquidia congênita - é o tipo de criptorquidia mais comum, detectada no momento do nascimento da criança;
  • Criptorquidia adquirida ou testículos reascendidos - os testículos são localizados na bolsa escrotal no momento do nascimento, mas com o passar do tempo eles “sobem” pelo canal inguinal. 

O que causa a criptorquidia?

Ainda não foi totalmente esclarecido o motivo da migração incompleta dos testículos no no final da gestação, assim como também não há esclarecimentos definidos para o quadro de criptorquidia adquirida, mas especialistas apontam fatores genéticos e anatômicos como influenciadores para a criptorquidia, especialmente alterações cromossômicas e ligadas ao X.

Quais são os fatores de risco associados à criptorquidia?

Além dos fatores genéticos e anatômicos, alguns outros fatores, comportamentais e ambientais, estão associados à criptorquidia, como:

  • Nascimento prematuro;
  • Baixo peso da criança ao nascer;
  • Síndrome de Down;
  • Paralisia cerebral;
  • Hábito de tabagismo da mãe;
  • Uso de álcool e outras drogas pela mãe;

Sintomas e diagnóstico de criptorquidia

O principal achado da criptorquidia é a ausência do testículo na bolsa escrotal. Em casos raros, porém, o testículo localizado fora da bolsa escrotal pode sofrer um processo inflamatório, ocasionando dor.

O diagnóstico da criptorquidia é clínico, ou seja, feito através do exame físico realizado por um uropediatra. Nenhum exame, quer ultrassom, quer tomografia, ou ressonância magnética tem a capacidade de diagnosticar a presença e localização do testículo de maneira tão precisa quanto o exame físico feito no consultório.  No nascimento, o médico especialista examina a criança e identifica se os testículos estão ou não localizados na bolsa testicular. Caso seja confirmada a criptorquidia, a primeira orientação do uropediatra é de que os pais aguardem até os 6° mês de vida, pois em alguns casos os testículos podem descer naturalmente nesse período pelo canal inguinal.

Caso não aconteça a migração testicular natural até os 6° mês de vida, o especialista realiza novo exame físico para confirmar que os testículos não estão localizados na bolsa testicular e se são palpáveis ou não para determinar o tratamento adequado.

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Qual é o tratamento para criptorquidia?

O tratamento mais indicado para a resolução da criptorquidia é a realização da orquidopexia, procedimento cirúrgico que tem como objetivo reposicionar o testículo e otimizar a função testicular. Para melhores resultados e evitar complicações futuras, os uropediatras recomendam que a cirurgia seja realizada antes de 1 ano de idade, podendo ser realizada após os 6 meses de vida, caso a migração testicular não aconteça naturalmente.

Após o exame físico, o especialista determinará qual a melhor forma de realizar a orquidopexia, de acordo com a palpabilidade do testículo:

  • Testículo palpável - a cirurgia pode ser realizada via inguinal ou via escrotal, dependendo da localização do testículo;
  • Testículo não palpável - a cirurgia é realizada via abdominal, por laparoscopia.

Quando a criptorquidia é detectada em fases tardias ou quando, durante a orquidopexia, o uropediatra detecta sinais de atrofia e inviabilidade do testículo é realizada, então, a orquiectomia, cirurgia para retirada do testículo.

A recuperação da orquidopexia é rápida e é necessário o acompanhamento anual do paciente para avaliação da progressão do quadro.

Vale lembrar que o tratamento hormonal para descida testicular não é mais realizado de rotina, pois suas taxas de insucesso são altíssimas com recidiva do quadro e progressão para quadros de puberdade precoce.

Criptorquidia: complicações e efeitos a longo prazo

Algumas condições médicas podem ser ocasionadas por complicações de um quadro de criptorquidia não tratado como torção testicular e o desenvolvimento de hérnias, principalmente, a hérnia inguinal. Além disso, quando não tratada, a criptorquidia pode levar a maiores taxas de  infertilidade do paciente, assim como o maior risco de desenvolvimento de câncer de testículo.

Em casos de criptorquidia unilateral, especialistas apontam haver uma queda na taxa de fertilidade dos pacientes, mas que as taxas de paternidade se assemelham àquelas de homens que não apresentaram um quadro de criptorquidia na infância. Porém, em casos de criptorquidia bilateral, há uma queda tanto na taxa de fertilidade quanto na taxa de paternidade.

Qual a diferença entre criptorquidia e testículo retrátil?

Criptorquidia é a ausência de um ou dos dois testículos na bolsa escrotal, pois não houve migração do mesmo, condição que necessita de tratamento específico para resolução. Já no quadro de testículo retrátil, houve migração do testículo na fase final da gestação, mas em alguns momentos, o testículo pode sair e entrar da bolsa testicular, devido a um movimento muscular específico chamado reflexo cremastérico exacerbado, voltando espontaneamente ao testículo ou e se resolvendo manualmente com permanência do mesmo na bolsa testicular. Muito importante ressaltar que o diagnóstico do testículo retrátil não depende de exames complementares e apenas o exame físico pode detectar a presença do testículo retrátil.

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