Estenose de Jup: principais causas, sintomas e cuidados a tomar
A importância do tratamento precoce da estenose de Jup e acompanhamento médico para evitar complicações.
O sistema urinário é responsável pela eliminação de substâncias, através da urina, pela produção de alguns hormônios e pela manutenção do equilíbrio interno do organismo. Para executar suas funções, o sistema urinário é composto por diferentes órgãos:
- Dois rins responsáveis pela filtração do sangue e formação da urina;
- Dois ureteres para realizar o transporte de urina dos rins até a bexiga urinária;
- Uma bexiga urinária para armazenar a urina;
- Uma uretra para conduzir a urina para fora do corpo através da micção.
Na porção superior e expandida dos ureteres estão localizadas as pelves renais que funcionam como um “funil” para realizar a coleta de urina proveniente dos rins e a direcionar aos ureteres, proporcionando um bom fluxo de urina para o organismo. A transição entre uma pelve renal e um ureter é chamada de junção ureteropélvica (JUP).
O que é estenose de JUP?
Estenose é o termo médico para estreitamento ou constrição de algum ducto, canal ou passagem do corpo humano. A estenose de JUP é uma condição médica onde há o estreitamento da junção entre a pelve renal e o ureter, a junção ureteropélvica ou JUP. Esse estreitamento dificulta o esvaziamento adequado da pelve renal e prejudica o fluxo da urina no organismo, podendo desencadear um quadro de hidronefrose (acúmulo de urina nos rins que causa a dilatação deste órgão).
A JUP é o local mais frequente de obstrução do trato urinário e a estenose de JUP é a causa mais comum de obstrução urinária na infância.
Tipos e causas da estenose de JUP
A estenose de JUP pode ser classificada de acordo com a origem do quadro:
- Estenose de JUP congênita - é o tipo mais comum, frequente em recém nascidos e crianças, causada por uma má formação na musculatura da JUP ou pela presença de vasos sanguíneos adicionais que comprimem a região da JUP;
- Estenose de JUP adquirida - frequente em pacientes acometidos por quadros recorrentes de litíase renal (cálculos renais) ou pacientes que realizaram cirurgias prévias no sistema urinário.
Além disso, a estenose de JUP pode, também, ser classificada em relação ao número de JUP que apresenta estenose:
- Estenose de JUP unilateral - apenas uma JUP (um lado) apresenta estenose;
- Estenose de JUP bilateral - ambas as JUPs (dois lados) apresentam estenose.
Estenose de JUP: como é realizado o diagnóstico?
Muitos casos de estenose de JUP são diagnosticados ainda na fase fetal, por ultrassonografia intrauterina.
Após o nascimento da criança e em casos de estenose de JUP detectada tardiamente, o especialista avaliará o quadro através de exames laboratoriais e de imagem. A ultrassonografia é o primeiro exame solicitado, porém esse exame não demonstra com precisão o local de estreitamento. Por isso, o médico pode solicitar uma urografia excretora para determinar o lado afetado, assim como, cintilografia renal, tomografia computadorizada ou ressonância magnética para confirmação do diagnóstico e determinação do tratamento. Exames laboratoriais podem ser solicitados para avaliação das funções renais e quadros de infecção urinária.
Sintomas de estenose de JUP
Os sintomas da estenose de JUP podem variar de acordo com a idade do paciente, o grau de obstrução da JUP e se o quadro é unilateral ou bilateral.
No recém nascido, a estenose de JUP pode acarretar em um atraso no desenvolvimento, perda de apetite, choro constante devido a dor abdominal e a massa renal pode ser palpada.
Em crianças e adolescente, o quadro clínico é mais específico e os sintomas mais comuns são:
- Desconforto abdominal ou lombar, acentuado pela prática de atividade física ou hidratação;
- Hematúria (presença de sangue na urina);
- Hipertensão arterial;
- Infecção urinária e infecção renal recorrente;
- Litíase renal.
Estenose de JUP: tratamento
Essa condição médica pode ter um caráter transitório em recém nascidos e bebês e, por isso, a criança pode não apresentar dilatação renal no nascimento ou pode haver uma progressão positiva no quadro de hidronefrose ao longo dos primeiros meses de vida.
Porém, em alguns casos, pode ser observada a piora do quadro de hidronefrose logo após o nascimento ou o quadro de estenose de JUP pode ser diagnosticado tardiamente. Na maior parte desses casos, a indicação é o tratamento cirúrgico. Por isso, é fundamental que o paciente seja examinado por um uropediatra para avaliação dos exames, acompanhamento da progressão do quadro clínico e determinação da conduta de tratamento.
Pieloplastia: cirurgia para estenose de JUP
A pieloplastia é o procedimento cirúrgico realizado para o tratamento da estenose de JUP e consiste na retirada da área estreitada e reconstrução da JUP para restabelecer o fluxo urinário do paciente. Essa cirurgia pode ser realizada de formas distintas:
- Pieloplastia aberta – incisão para realização do procedimento cirúrgico; apresenta bons resultados, mas o pós-operatório é mais demorado e dolorido para o paciente;
- Pieloplastia por endoscopia – realizada internamente, pela bexiga, com o pós operatório breve e indolor, mas a taxa de sucesso é menor em relação a operação aberta;
- Pieloplastia por videolaparoscopia – considerada, atualmente, a melhor opção de tratamento para estenose de JUP; pequenas incisões, com o pós-operatório breve e menos dolorido e taxa de sucesso equivalente à operação aberta.
A escolha do procedimento cirúrgico pelo especialista é determinada por diferentes fatores e deve ser avaliada caso a caso, por isso, é importante que o paciente seja acompanhado por um uropediatra para que o especialista oriente o melhor procedimento a ser realizado.
Estenose de JUP e possíveis complicações
Pacientes com estenose de JUP não tratada podem apresentar recorrência de infecções urinárias e renais que podem ocasionar diferentes complicações no sistema urinário. Além disso, pacientes com estenose de JUP associada a um quadro de hidronefrose, quando não devidamente acompanhados e tratados por um especialista, podem ter as funções renais comprometidas, acarretando em quadros de insuficiência ou, ainda, falência renal levando a necessidade de uma nefrectomia (procedimento cirúrgico para retirada do rim sem função).
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